Penso que o tipo de restauro depende principalmente do uso que se pretende dar ao carro.
Eu tenho um w123 240d de 1978 que o meu pai comprou em 1987. O meu pai andou com ele, trocou a cor, depois quando veio para as minhas mãos, levou um auto-radio com cds e furos nas portas para colunas. Era o meu carro dos tempos de estudante. Como usava o carro todos os dias e era o meu único carro, o meu interesse era que fosse o mais agradável possível e ao meu gosto, não querendo saber de originalidade para nada.
Depois comecei a trabalhar e comprei o meu primeiro carro e o Mercedes começou a ficar encostado, ora na minha casa, ora na casa do meu pai até que resolvemos que alguma coisa tinha que ser feita, vender, restaurar... mas assim ao abandono não podia ficar. Optamos pelo restauro e aí a única opção possível era a originalidade, porque ia ser mais um veículo de coleção do que um veículo do dia a dia. Voltou à cor original, jantes originais, interiores originais...
Depois troquei de emprego e agora tenho carro da empresa. Assim, optei por vender o meu carro pessoal e comprar um carro para brincadeiras. Sempre gostei de UMM e gosto de carros grandes e diferentes, logo optei por uma pick up cabine dupla. Na altura havia algumas à venda e enquadravam-se no meu orçamento.
Tendo em conta o uso que vai ter (férias com a família, ir a raids com atrelado e mota, deslocações do dia a dia, encontros UMM, TT esporádico), as características que pretendo são:
- fiabilidade (não quero ficar a meio do caminho nas férias)
- conforto (quero que a esposa e filha se sintam bem no UMM)
- potencia (fazer autoestrada a 60 km/h com a mota atrás é desesperante)
Assim, tudo o que fiz no meu carro foi a pensar nessas 3 coisas. Caso pretendesse um carro de coleção, aí optava pela originalidade.
Quanto ao valor, eu costumo dizer que se um dia quiser vender o meu carro, tenho de o vender ás peças pois é daqueles casos em que as partes valem mais do que o todo... Não faço contas de recuperar o dinheiro investido, mas se comprasse um carro novo só no primeiro dia perdia mais dinheiro do que alguma vez vou perder no meu UMM.
Resumindo:
- Restaurar vale a pena? Quando
Acho que vale sempre a pena, depende é do uso que se vai dar. Posso restaurar para vender, por valor sentimental, por gosto pessoal... um clássico não significa que seja um investimento, não é obrigatório ter "lucro" para ser clássico. Mais de 95% das coisas que compro nunca vou ter lucro caso queira vender mais tarde. Quando? Quando o bem já não cumpre as funções para as quais se destina.
- Restaurar é só repor o original?
Por definição sim "pôr no estado primitivo, elevar ao antigo esplendor"
- Restaurar, também comporta, alterar técnica e estética?
Por definição não, por isso eu costumo dizer que não restaurei o meu carro, mas sim que reparei e melhorei o meu carro
- Restaurar, para guardar em condições especiais – garagens aquecidas - museus, ou voltar a usar em condições normais?
Depende do bem. Se for um fiat 127 usar em condições normais, se for um ferrari 250 GTO, guardar dentro de um cofre e a vácuo...
- Restaurar a “fundo”, e depois, aplicar técnicas artificiais de envelhecimento controlado?
Não sou nada fã. Por muito boa que seja, artificial é sempre artificial, imitação é sempre uma imitação.