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Geração à Rasca - " A Nossa Culpa"

Eduardo Filipe

SupremUMM
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5 Dez 2010
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Júpiter
PERCAM UM POUCO DE TEMPO PARA LÊR ESTA MENSAGEM E NO FINAL REFLITAM









Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.

http://assobiorebelde.blogspot.com/2011/03/geracao-rasca-nossa-culpa.html













 

batrakiu

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Como jovem á rasca, filho de pai e mãe tambem á rasca, nao podia estar mais de acordo.

André Santos
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Zeumm

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Estou 50/50. Por um lado o autor deste artigo têm razão, pois há muitos jovens dos 20s aos 30s que tiveram tudo de mão beijada e que agora não sabem como se virar na vida. Mas tb há pessoal que agora está nos 25s 30s que sabia que o mundo não perfeito, mas que não tinha ideia que era na realidade uma bodega. Os meus Pais pagaram-me a faculdade e? Qual é o problema disso? Pagaram-me as primeiras saídas, e? Qual é o mal disso? A diferença é q os meus Pais não me alimentaram o ego em demasia, não me disseram que o mundo era feito de algodão doce. Quando quis um carro trabalhei para ele.....bom, não foi bem um carro. Viagens? Só o comecei a fazer depois de ter começado a trabalhar.

Este pessoal que escreve estes artigos esquece-se de coisas importantes, como o facto de o Sr. Cavaco ter acabado com os cursos profissionais (q agora andam a regressar muito devagarito), pois queria um País de doutores. De ele o o sr. Guterres ter empregue dinheiro o dinheiro que vinha da EU para encher os bolsos de meia dúzia de gente sem valores morais, em vez de o terem empregue no desenvolvimento do País. De acabarem com a industria nacional, com a frota de pesca, com a agricultura, com tudo aquilo que teria colocado este País num lugar de destaque na Europa.

Acusam a geração à rasca de querer tudo de mão beijada, quando a geração anterior lutou para conseguir o que conquistou. Mas esquecem-se é que a porcaria de politicos que nós temos vêm dessa geração. Tal como a nossa que têm gente trabalhadora que luta como pode por um posto dew trabalho, tb têm muita porcaria que quer tudo dado, a deles tb é igual. Quantos são os donos de cafés, comerciantes, empresários que pagam os seus impostos? Deve, quase, dar para contar pelos dedos da mão (entenda-se).

O pessoal que escreve estes artigos têm outra falha de memória. É que os lugares que ocupam têm-nos para o resto da vida e muitos deles só os conseguirem por portas e travessas e não de forma honesta.

Já agora eu pergunto, os filhos destes senhores que escrevem estes artigos fazem o quê? E chegaram aos postos de trabalho como?

Abraço



Deus um dia disse-me: “José estás a ir para um mau caminho” e eu respondi: “Senhor, não se aflija, vou de UMM!”

 

UMMAIA

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Grande desabafo!
Este é o ponto de vista que os mais jovens nunca conseguirão perceber.
 
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30 Mar 2006
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Não podia estar mais de acordo...
Não fosse a porcaria do "politicamente correcto" arriscava-me a dizer que esta é que se pode chamar a verdadeira "Geração rasca"... mas para não ferir suscetibilidades ficamos por aqui...


Valter Ferreira
Clube UMM
Socio nº 0058

 
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