E o mais engraçado que só encontrei por acaso ao navegar pela Net, foi a presença e participação do Pedro Villas Boas, que agora com 70 anos fez a sua primeira Baja Portalegre de Mota, em vez do saudoso UMM.
Aqui fica o excerto da sua crónica onde nos conta como tudo começor que está no site da prova, e que passo a transcrever.
A crónica de Pedro Vilas Boas. Eis o relato de um dos fundadores da prova.
Fui desafiado pelo meu amigo José Barbosa, um motard da velha guarda, a participarmos no Portalegre 500. Era já a 25 ª edição! Achei que a melhor homenagem que poderia fazer à Prova e em particular ao José Megre, era concorrer. E assim inscrevemo-nos na categoria de Clássicos que, com os seus 170 kms, já chegava bem!
Pode dizer-se que o Portalegre 500 teve a sua origem no dia em que conheci pessoalmente o José Megre. Isto passou-se em meados de 1981, no gabinete dele, no Entreposto, onde me fui apresentar e solicitar um lugar na equipa que o José estava a organizar para, com a UMM, participar no Dakar 82. Temos de convir que foi preciso alguma lata! E, com imensa sorte (uma zanga entre o piloto do 3º UMM, o Manuel Breyner, e os Manos Baptista da UMM), lá consegui ser incluído na equipa e participar no Dakar 82. Mas foi um pouco mais tarde, sentada ao lado do José Megre no Dakar 84, num UMM V6, em ambiente de barulho, pó e emoção, que nasceu o Clube Aventura e com ele, o Portalegre 500.
Conceber e organizar a primeira edição do Portalegre 500 (em 1987) foi uma verdadeira epopeia. E para além do José Megre (e de mim próprio), envolveu muita gente que não quero deixar de relembrar (apenas alguns pois seria impossível nomear a totalidade, mas dedicado a todos). Os Manos João e o Manuel Baptista da Silva que, através da sua empresa UMM e da participação desta marca nacional em 3 edições do Dakar, abriram as portas a tudo isto.
O Governo, via o então Secretário de Estado do Desporto, o Dr. Miranda Calha; a Câmara de Portalegre (e outras) através do seu Presidente Rui Simplício e o incansável Francisco Camilo; os Bombeiros Voluntários, representados pelo Inspector Rodrigues; a GNR. Os patrocinadores Finicisa, da família Fino, e o Correio da Manhã, através do Carlos Barbosa (curiosamente agora patrão da Prova), com um cheirinho a whisky da Passport Scotch Gosto de Aventura. O Luís Lourenço, uma presença constante ao nosso lado, (e que continua a apoiar a Prova), a Rita Marques dos Santos e a Inês Galvão Teles (do secretariado do Clube Aventura, na altura com sede em minha casa!); o Pedro Masson, o Dr. Arménio, o Rangel, nossos médicos; o João Paulo e mais tarde o Orlando Romana e o Jaime Santos, os homens do terreno e elementos chave na organização; o José Manuel Caetano, o "dono" dos tempos no posto de cronometragem; as muitas dezenas de caminheiros que espalhávamos pelo terreno na madrugada da Prova (do Lusitano de Évora - o José Vilela e do Jacinto Costa - de Portalegre - o Tó Zé Serra e o Marcão, que ainda lá continuam a andar, com um pouco mais de barriga mas a mesma vontade de ajudar).
E claro a razão de ser de tudo isto, os participantes, que de todas as formas e feitios, lá se apresentaram para a primeira edição do Portalegre 500 de jeeps, motos, carros e outros veículos menos classificáveis, para se lançarem na grande aventura que foi o primeiro Dakar português. Nos jeeps de referir António Bayona e o José Costa (vencedores da 1ª edição), o Tucha e o António Castro, o João Baptista da Silva e o Almeida Fernandes (em UMM claro), os Manos Carlos e Rogério Almeida (também UMM e que também vieram participar na 25 ª edição) e no feminino a Céu Pires de Lima e a Teresa Cupertino Miranda. Nas motos Paulo Marque e no Marcos Carvalho (vencedores da 1ª edição o mesmo Paulo, que na 25ª edição, veio para vencer na categoria dos clássicos!) o António e o João Lopes, o Bernardo Vilar. Enfim, muitos mais haveria que citar, num longo rosário dos milhares intervenientes das primeiras edições do Portalegre 500. Bem hajam!!
E agora a minha experiência como concorrente de moto na 25ª edição do Portalegre 500. Participar pela primeira vez numa prova de velocidade em moto, aos 70 anos, parecer fazer prever já algum aceleramento mental! Ainda por cima quando um mês depois se vai tentar escalar uma montanha com 7000 m, em que no mínimo é preciso ter todos os ossos no sítio! Mas era a melhor homenagem que podia fazer a todas os milhares de pessoas acima mencionadas. Entendeu, e bem, a organização (o Orlando) inscrever-me na categoria dos Clássicos, diga-se em abono da verdade, mais por mim do que pela moto.
Aquilo que para mim já adivinhava que seria uma jornada dura, foi-o de facto, mas acompanhada de múltiplas manifestações de apoio e entusiasmo que nunca sonharia ter. Uma organização (Orlando, Luís Lourenço e muitos outros, nomeadamente o Pedro Masson) que estavam determinados na minha chegada à meta. Os muitos concorrentes de moto a sério que me passaram e, no meio de um turbilhão de pó e pedras, me acenavam com simpatia. Os aplausos de muitos espectadores que lá percebiam que ia ali um verdadeiro ancião. Mas acima de tudo algo que jamais poderei esquecer cheguei à minha zona de assistência, eu um tanto amachucado, e a moto moribunda, com um furo no radiador, resultado de uma aparatosa queda. Logo ali o Miguel Portela de Morais (também ele dos muitos amadores que, nos velhos tempos, correram em muitos Portalegres), que estava a participar com o filho Luís nesta 25ª edição, insistiu (obrigou) que eu levasse a moto do filho Luís!!!
E lá fui eu na nova (muito velha) montada, seguindo o Miguel. Mas quiseram os astros que a moto, passados uns 30 kms, pifasse. Mais um gesto arrasador e lá estava eu montado na Yamaha Xt 600 do Miguel, com a qual consegui finalmente cortar a meta !! E na meta para me receber estavam muito aliviados, o Orlando, o Luís Lourenço, o Pedro Masson, o Miguel e Luís Portela (a ver chegar a sua moto!), e em espírito o José Megre, que se por cá andasse tenho a certeza seria o primeiro a dar-me um abraço forte, como fez a muitos. Com que melhores recordações poderia ter ficado do Portalegre 500!!!
Termino agradecendo a todos o apoio e testemunhos de amizade que recebi, da organização, dos participante e dos espectadores.
E fico contente por José Megre ter entregue o Portalegre 500 ao ACP, garantia de que irá perdurar, e bem, por muitos mais anos.