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MIguel Sousa Tavares in Expresso

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21 Jan 2008
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O TEXTO ATÉ ESTÁ MUITO INTERESSANTE... É PENA O FACTO DE LERMOS ESTAS COISAS E, DEPOIS, CONTINUAR SEMPRE TUDO NA MESMA... MAS FICA O ESCLARECIMENTO... ;)



Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas?

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

Mário Machado
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“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
 

rato

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grande mario è a nossa triste rialidade tudo isto è verdade
ummabraço
rato
 

MarioMachado

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Cortegaça
E de quem é a culpa?
...Nossa, porque todos os mandados políticos foram sempre de duas cores, ou seja agora fazes tu, depois faço eu e quem se lixa é o Zé Povinho!
Somos um povo de cultura comodista, do tipo deixa andar que alguém um dia vai fazer alguma coisa, ainda por cima de memória muito curta, tão curta que todos os 4 anos cometemos o mesmo erro!
Em muitos países por muito menos do que o que neste momento estamos a viver já se tinha parado o pais inteiro e já se tinha obrigado os governantes a tomar medidas!
E é isto que temos! ...Pode ser que um dia já depois de estar-mos todos malucos e pobres ( incluindo os ricos) se tenha aprendido alguma coisa!
Talvez um dia...!


 

aloevera

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2 Mai 2008
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Isto e' sempre uma "coisa de opiniao" ...
E uma verdade e' certa muitas das vias de comunicacao (estradas) feitas entre portugal e espanha foram feitas somente para "se dizer que ...pronto esta uma estradita feita de ligacao a Portugal.

Tanto a A6 como mesmo na A4 ou IP4 a ligacao de Braganca ate Zamora pela E-82 ou N122 no lado de Espanha, raramente se ve viva alma....

Mais a norte no novo troco A-52 (em espanha) ...e' o fluxo de camioes Portugueses e Espanhois e sim uma maioria sendo Espanhois ...


Eu costumo dizer em tom popular "por vezes temos o cu demasiado pequeno para as calcas"...mas como o pessoal gosta e' de viver acima da media....entao la vai o "povao" todo contente na romaria...

E' sempre importante sabermos que medida de calcas vestimos...e precisamos acima de tudo!

Eu pessoalmente gosto de ler M S Tavares...quando tenho hipotese.

Carlos Pires

 

PedroUMM

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31 Mar 2006
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Vão aparecer comentários de ataque e comentários de defesa, pessoalmente não irei tecer nenhum porque ainda vivo na ilusão de os portugueses acordarem um dia, apenas digo que o Miguel de Sousa Tavares é um dos fazedores de opinião que mais me repugna, acho-o sempre com ar altivo mas ao mesmo tempo miseravel, no entanto fala muito bem e neste texto até tem alguma razão.

O nosso país vai mal, vai mal economicamente e vai mal socialmente e é a maior responsabilidade dos governantes encontrarem soluções, mas essa responsabilidade também é das populações... Voltem a dar maiorias e vão ver...


Pedro Filipe
Este governo não cairá porque não é um edificio. Sairá com benzina porque é uma nódoa. Eça de Queirós
 

ToMiX

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17 Mai 2008
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Esse Miguel é daqueles tipicos: Fala fala fala, mas nunca o vi a fazer nada.... Não me lembro de nada feito por ele, tirando aquelas pequenas colunas de opinião por ai nalguns jornais.... e uns livros de comédia. Só isso.

"Eu gosto mesmo é de quem faz bem não de quem diz que sabe muito!" Pois, Mário, eu tambem e essa é uma raça em vias de extinção...como o burro Mirandês...

Os cães ladram... E o meu UMM passa! :p

 

luukkas

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27 Set 2007
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A vida desse fulano resume-se a uma palavra: CRITICAR, e realmente nisso ele é bom.
mas isso qualquer um de nos sabe fazer...

cummps
 
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8 Jun 2006
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Ao tópico do Sousa que é quase Tavares

Bons fatos, casuais, de como quem vai para o deserto todos os dias hospedando-se em hotéis de luxo. Melena cuidadamente descuidada. Escrita de arrivista para ser lida num país de analfabetos. Cara de mau QB. Riso canalha, anavalhado.

Eis o Tavares que também é quase Sousa, ou o Perdigão dos nossos tempos. Eis mais um saco cheio de coisa nenhuma, um fogo fátuo.

E disse, nada mais tendo que dizer, o tal apologista da desgraça. Melhor fora que tivesse ido ter relações sexuais consentidas (num motel de autoestrada) com a referida amiga, não perdendo tempo a dizer mal daquilo que, penso, lhe dá de comer.

“Quem sai aos seus, não degenera” (aquilo é mal de família)


UMM abraço
João

"Conduza UMM pedaço da nossa história"
 
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