Poix!!!
Eu era "pequenino" nessa altura!
Já li alguns artigos sobre isso, até documentos de trabalho do ministério da economia.
"3.4. O projecto UMM (1977-1993)
Ainda o futuro flop de Sines não tinha começado
o seu longo e triste caminho para o insucesso,
constituia-se em Lisboa uma nova sociedade,
denominada UMM-União Metalomecânica, Lda.,
com data de nascimento a 4 de Julho de 1977.
O objecto da empresa era, nos termos da referida
escritura, a indústria metalomecânica, com o
comércio e o fabrico de tudo que a essa indústria
respeita..., e conduziu a que já em 1978
tenham sido produzidos os primeiros veículos
Todo-o-terreno nas versões CPE e CPL(23).
Tratou-se de facto de uma iniciativa muito voluntarista
dos irmãos José Manuel e João Maria
Baptista da Silva, associados a elementos
do Grupo Espírito Santo que, liderados pelo
Dr. Manuel Ricardo Pinheiro Espírito Santo Silva,
entenderam apoiar o lançamento de um veículo
de nicho que, se devidamente apoiado pelas
autoridades nacionais gestoras de frotas públicas,
poderia ter sido um efectivo sucesso. Com efeito,
a UMM, União Metalo-Mecânica, Lda, constituída
como se disse em 1977 lançou no mercado,
nos cerca de 15 anos de actividade no domínio
da construção e montagem de veículos Todo-o-
-Terreno, cerca de 25 000 unidades(24) .
Qualquer das viaturas que produziu inicialmente
os modelos CPE e CPL, seguidos do ALTER I e
finalmente daquele que mais aceitação teve, o
ALTER II cumpriu minimamente os propósitos
do respectivo conceito, devendo-se o seu menor
êxito e o seu insucesso final (cerca de 1995)
por um lado ao tradicional alheamento que as
autoridades nacionais (responsáveis por aquisições
frotistas de grandes séries) revelam relativamente
às produções nacionais. Verifiquem-se
por exemplo as viaturas que equipam as forças
armadas dos diversos países europeus e de imediato
ressalta a prioridade e preferência concedida
às de produção local, mesmo que de marca
estrangeira. Mas, existindo marca nacional, em
nenhum caso se encontra essa viatura arredada
das frotas nacionais das forças armadas ou das
polícias e outros entes públicos. Tal aconteceu
também com a UMM que chegou a equipar o
Exército, a G.F., a GNR e até mesmo a EDP. Mas
nem os restantes ramos das forças armadas tiveram
o mesmo pendor, nem a prática prosseguiu,
embora a viatura mantivesse (e até melhorasse) as
características funcionais e de manutenção que
aconselhavam a continuidade da sua utilização.
Por outro lado, modificações drásticas no pacto
social, com afastamento das entidades que
emprestavam à marca uma elevadíssima credibilidade,
aliadas à prevista alteração da motorização
da viatura, e à negociação infeliz (com o
Ministério da Indústria e Energia) de um projecto
em que o respectivo licensor ou simplesmente
parceiro de mecânica era ocluso (ou desconhecido),
conduziram a UMM para a situação de
inactividade (ou quase) em que se mantém há
anos. Por se ter falado em credibilidade, deverá
acentuar-se que as viaturas foram inicialmente
produzidas e montadas nas instalações da
MOVAUTO (que encerraram em 1992), utilizando
sempre motorizações Peugeot, marca
representada em Portugal pela MOCAR, organização
comercial de grande capacidade e projecção
que é possuída pelo Grupo económico já
referido. Mas a produção chegou a ser efectuada
quer na MOVAUTO, quer em Vendas Novas, nas
instalações industriais da Baptista Russo, onde os
últimos veículos foram montados após o encerramento
da MOVAUTO. As versões CPE, CPL e
Alter I dispunham de motor atmosférico e apresentavam
linhas muito duras e pouco aerodinâmicas(
25), que haviam de adoçar com uma
maior utilização da estampagem no ALTER II, em
1988, viatura onde são também introduzidos a
direcção assistida, os travões de disco e a motorização
aspirada. O ano de 1992 deverá ter apresentado
o pico máximo da produção, com 2300
veículos, e 1993 é o palco das últimas montagens,
com cerca de 300/500 ALTER II. A separação
dos interesses do núcleo familiar Baptista
da Silva do Grupo Espírito Santo (via MOCAR),
originou ainda, com liderança deste último, o
lançamento de um modelo metálico em dimensões
naturais e de um protótipo completo do
ALTER IV, viatura modernizada que não chegou a entrar em produção.
O núcleo familiar Baptista da Silva titula uma
candidatura ao Programa de Projectos Mobilizadores
do PEDIP II, com vista à recuperação da
produção da viatura, ensaiando um projecto de
engineering de componentes em cooperação
com o INETI e os respectivos fornecedores.
Este projecto, pesem embora as suas vicissituides
e o seu relativo insucesso, deveria constituir um
caso para estudo, por ser demonstrativo do completo
alheamento das autoridades nacionais
(industriais e outras) relativamente a uma iniciativa
meritória a todos os títulos, relativamente à
qual nunca foi desenhada superiormente uma
política de preferência que viabilizaria a existência
e a perenidade de uma viatura nacional catalisadora
de actividades interessantes de I,D & D,
nomeadamente."
In A História do Sector Automóvel
em Portugal
( 1895- 1995)
Luís Palma Féria
Apesar de alguém que esteve ligado ao Dep. Comp. UMM me ter transmitido que pesou nessa decisão do Estado a falta de qualidade dos componentes dos UMM's fornecidos (cablagens eléctricas...)
Sou um jovem ainda(pelo menos é o que dizem, he he), e bastante doido por sinal!!! E conto um dia realizar grandes sonhos envolvendo a minha grande paixão por TT, UMM's, sector automóvel em geral.
Na minha opinião: na sociedade em que vivemos não é possível a existência de projectos que dependam maioritariamente do Estado, nem de nenhum organismo público. É bem mais dificil desta forma, mas a médio, longo prazo mais estável. Auto-sustentável é a palavra indicada, creio. Temos grandes exemplos disso cá, pequenas empresas que lideram/batem-se a nível mundial e não têm,nem tiveram qualquer apoio do estado, errado? Sim! Mas são projectos que têm "pernas para andar"! A meu ver o projecto UMM dependia muito das entidades estatais, o maior comprador, esse factor foi o que fez perdurar o projecto tanto tempo, mas também, o que acabou com ele!
Na minha "débil" imaginação, creio ser possível agarrar no que está feito e viabilizar o projecto, é dificil, é de doidos, é preciso investidores, SIM! Mas nós somos Portugueses para nós impossível é o céu nos cair em cima da cabeça!
Uma coisa vos garanto os UMM's estão adormecidos, não mortos!!!
Desculpem ser um post tão longo, mas quando se fala das grandes paixões, acontece...
Cumprimentos,
Daniel Filipe Suzano
PS: Viriato desculpa se te "estraguei" o tópico!
Sou louco, por UMM's!!!