Apesar de discordar há muito tempo, da forma como o clube está a ser gerido, decidi participar no passeio de aniversário em Mira.
Fui convencido por pessoas em quem tenho confiança, e confesso que desejava estar pessoalmente com outras, e perceber “in loco” esta dinâmica do passeio do clube. Não me arrependo de ter ido!
Tenho de ser sincero! O que vivi, e experienciei, ficou uns pontos abaixo, de outras realizações do género em que já participei, ao longo de quase 30 anos. Fui como novato nestas andanças dos UMM’s, e como tal, devo ter visto “coisas” que só os novatos conseguem ver!
Escrevo este texto, não com o fito de criticar por criticar, mas simplesmente registar a minha percepção, e contribuir com as minhas sugestões, para novas edições, assim os responsáveis as queiram aproveitar.
Quem se lança a um rio, chegando ao meio, tem de avançar, para a frente, ou para trás, mas metade do esforço está feito, e o “objectivo” é passar o obstáculo!
Na recepção: O acolhimento, dos “veteranos”, e dos novos participantes, num espaço digno e arejado, parece-me ser o mínimo exigido. Para viajantes, não é forçoso o pavimento em alcatifa, ou o ar condicionado…….. Um simples “telheiro” amplo, um barracão vazio e limpo, que a todos abrigue, do sol e da chuva, pode funcionar, com mais ou menos “apetrechos”, e dois ou três pontos de café …….
Brindes de participação: Em tempos de sustentabilidade, e contenção de despesas, não será a altura de se presentear os participantes com uma singela recordação local, de apoio à economia regional, que mais tarde sirva de memória material do tempo e do local? Uma peça de olaria, de madeira, de metal, de pedra, de vimes; um pote de doce, uma garrafa de licor, uma caixa de biscoitos! Obviamente que 1 (um), vá lá 2 autocolantes, ajudam a criar a ilusão de pertença, mas não mais que isso.
O percurso: Parece que muitos de nós, ainda não sentiram, que esta actividade, já não é socialmente bem aceite por muitos pessoas, umas anónimas, e outras com capacidade de mobilização e decisão.
Assim, quer-me parecer, estando debaixo de “mira”, que temos de redobrar esforços, para que não nos empurrem para as “traseiras municipais” se quisermos passear com os nossos carros. Em zonas de sensibilidade ambiental, ou de grandes aglomerações urbanas, obviamente que uma caravana de 120 carros, por muito bem comportados que sejam os condutores, vão ter impacto no local, e na vida dos locais. Quem nunca desejou, só ter de respirar o ar dos pinheiros, sem o cheiro de Diesel queimado?!
E a responsabilidade, de quem anda nisto, há muito, será, o quanto antes, perceber em termos oficiais, o que se pode e não pode fazer, não deixando essa constatação e pressão para a última da hora, ou dependente de “bons ofícios”, locais ou externos.
Não sendo uma prova desportiva, antes uma concentração turística, aceito pouco a preocupação com os “way points” de percurso, num “anónimo” conjunto de 120 carros!!! Um carro de abertura, outro de fecho, e três ou quatro móveis, de controlo nos principais cruzamentos, e talvez se consiga gerir a caravana sem mais. E fará sentido, onde seja notória a sensibilidade dos locais, insistir em levar todos em caravana? Não será mais viável, parquear viaturas, e conhecer os locais mais emblemáticos a pé, ou em transportes colectivos? E assim, realmente conhecer os locais e as gentes?
Pois…., mas é um passeio de um clube de automóveis! Pois é, mas então, nesse caso, surgirá num local apropriado, pensado a tempo, e não como recurso de última hora (estaleiro, pista de motocross, parque de viaturas, etc….), um recinto onde se possam realizar algumas actividades de diversão (jogos tradicionais adaptados….) e/ou partilha de conhecimentos e técnicas. Onde todos, possam interagir e travar conhecimentos ou retomar contactos, os “veteranos” e os “ é a primeira vez…, não conheço ninguém…..” ). Um “trial”/gincana, natural ou artificial, com mais ou menos dificuldade técnica, à escolha de cada um;
Manobras básicas, para quem não sabe ainda: Existem sempre pessoas que não sabem usar o diferencial frontal, ou as redutoras! Tantos que não sabem onde está a vareta do nível do óleo! Ou mudar uma roda em piso de terra….! Alguns que apreciariam ver uma “antiga/moderna” máquina de competição, em demonstração segura e pontual. Miúdos que apreciariam exibir, ou apreciar, os seus rádio modelos! Exposições estáticas de gerações de modelos UMM, com explicações bem detalhadas e informadas, acerca das diferenças. Tanto se pode fazer…..!
No mesmo mote, porque não, o incentivo a partir da organização, para concentrações de saída, por regiões, lideradas por alguém que até consegue levar esse pequeno grupo a descobrir um pequeno troço em terra (integrado na viagem), para que no local da reunião, já possam surgir boas memórias e pequenas histórias! Tantos que vão a Fronteira, em fora de estrada…, mas também não é preciso tanto!
As refeições: Vem nos “livros”, que refeições pontuais e de qualidade adequada, e já agora, se possível, com ligação à gastronomia local, são o melhor cartão-de-visita dos anfitriões. Ainda a propósito, convém explicar a todos, especialmente aos novatos, que depois de presentear alguns dos participantes com o cântico de aniversário, o bolo que está disponível é para todos, e a comemoração do aniversário do clube o mote do encontro.
A equipa da organização: De outros eventos já sei, que as equipas locais, por falta de experiência regular e meios, estão limitadas na sua acção, e como tal, julgo ser de primeira importância, a coordenação atempada de todos os processos. Essa coordenação tem com certeza, custos económicos e pessoais, para os envolvidos, e não imagino, que ocorram sem o retorno adequado, até porque, quer corra bem, mal, ou muito mal, a responsabilidade final será sempre da coordenação, e nunca da equipa local, ou de entidades externas.
Os agradecimentos, e as despedidas: Agradecimento singelos e sinceros, sabem sempre bem; Explicações acerca da preparação do evento, também ajudam a clarificar algumas dúvidas e a preparar os próximos;
Talvez, também….., uma retrospectiva do ano anterior – o que se fez? O que está a correr bem? O que está a correr menos bem? Ajudaria a fortalecer a coesão e a adesão? Acredito que sim!
O futuro, o que se vai fazer, quando e como! Onde nos vamos voltar a ver? O que poderemos esperar! Ajuda a manter a “candeia” acesa.
No próximo ano, se conseguir, terei todo o gosto em voltar a participar no evento da Ericeira. Terra que bem conheço e onde sei que as pessoas gostam de bem receber. Até lá.